Alunos conhecem áreas reflorestadas nas cabeceiras do rio Xingu 8s2a

CANARANA - Alunos de duas turmas do 6º Ano da Escola Estadual Norberto Schwantes conheceram na manhã do dia 18 de março, duas áreas de restauração florestal no interior do município de Canarana (MT), nas cabeceiras do rio Xingu. A visita teve a participação de 34 alunos.

Eles fizeram diversas perguntas sobre espécies de árvores, sua utilidade, tamanho da área recuperada, quando a floresta foi plantada, qual a técnica utilizada e porque os donos resolveram ter essa iniciativa. Esses foram alguns dos questionamentos respondidos pelos técnicos do ISA (Instituto Socioambiental) Junior Micolino da Veiga e Guilherme Pompiano.

As áreas de recuperação visitadas localizam-se na região do Tanguro, a cerca de 30 km da cidade. A primeira delas foi a fazenda Nossa Senhora Aparecida do seu Leonir Rebelatto. Ele iniciou a recuperação por conta própria em 2007, utilizando mudas de baru e jatobá, para tentar recuperar a água de uma represa que começara a secar. Posteriormente, com ajuda do ISA, utilizando a técnica do plantio direto de sementes, foi enriquecido com novas espécies e ampliada a área reflorestada. Hoje a represa não seca mais.

Na sequência, foi visitada a fazenda São Roque, do seu Amandio Micolino, conhecido no Brasil todo como o plantador de florestas octogenário. Com 85 anos, seu Amandio já recuperou 7,5 hectares de área degradada, na beira do rio Tanguro, que abastece com água todas as residências e comércios da cidade de Canarana. O primeiro plantio foi realizado em 2008 e feito a lanço manual. Depois a técnica utilizada foi a lanço pelo vincón acoplado ao trator utilizando a muvuca, que é uma mistura de sementes.

Seu Micolino explicou com orgulho para as crianças como ele realizou o plantio e porque plantou. Na década de 1980, a área abrigava um cafezal, que foi destruído por causa de um incêndio. Com o ocorrido, o mesmo decidiu transformar a área em pastagem. Os animais silvestres sumiram e a água do rio Tanguro baixou, quando então o plantador de florestas octogenário resolveu restaurar. Hoje a realidade é diferente: “A floresta que já se criou trouxe todo tipo de bicho, até onça começou a aparecer por aqui, e a água do rio Tanguro aumentou”. Seu Amandio só não continua plantando por conta da idade avançada, mas faz questão de mostrar o trabalho e de exigir que todos os visitantes assinem o livro de presença.

A professora de ciências Jaqueline Ribeiro Tavares contou que a iniciativa de levar os alunos para conhecer as duas áreas está associada às comemorações do dia mundial da água, comemorado em 23 de março. Relacionado a um projeto de leitura da escola, os alunos farão maquetes, desenhos e, também, um trabalho baseado nas informações coletadas que serão expostos na escola. “Eu já conhecia esse trabalho de restauração e acho bem interessante a recuperação de áreas degradadas para tentar fazer com que a natureza volte ao que era antes. Com a restauração se recupera várias coisas, como a floresta e também os animais, além de evitar o assoreamento dos rios”, disse. (Texto e fotos: Rafael Govari – ISA)