Seca na Amazônia 5n5h

A seca que atinge a Amazônia cria dificuldades para a navegação de transportes de alimentos. Produtores de soja que dependem do rio Madeira para a agem das balsas de grãos são forçados a desviar os carregamentos para os portos no Sudeste, há cerca de 2 mil km. "As pessoas estão sem comida porque os peixes estão morrendo sem água. Quase todos os barcos estão parados, só os menores conseguem navegar", disse o coordenador da fundação ambiental Amazônia Sustentável, Rosival Dias. Segundo a Defesa Civil do Estado, 31 municípios decretaram situação de emergência.

Ao todo, 62 mil estão afetadas e 600 t de ajuda alimentar estão sendo distribuídas por avião e barco. O governo federal anunciou na semana ada a liberação de 23 milhões de reais em ajuda emergencial. O nível do Rio Negro, afluente do rio Amazonas e ele próprio o maior do mundo entre os rios de água escura, caiu para 13,63 m no domingo, seu nível mais baixo desde o início dos registros, em 1902, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil. No ano ado, o rio registrou seu recorde de alta, com 29,77 m.

Preocupação com as eleições:

As autoridades também têm preocupação de que a seca afete o comparecimento às urnas no segundo turno da eleição presidencial, no domingo. Eleitores dependem de embarcações extras capazes de navegar em águas rasas para comparecerem às seções eleitorais. Em algumas áreas atingidas pela seca, somente cerca de 50 por cento da pessoas votaram no primeiro turno, em 3 de outubro. "Com a seca, o eleitor tem muita dificuldade. Precisa se dirigir a uma cidade e o trajeto normalmente leva duas horas de lancha. Agora, ele tem que caminhar. A situação desestimula o comparecimento e a tendência é que se agrave", disse o diretor do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), Pedro Batista, ao jornal Correio Brazilense. Alguns cientistas dizem que a seca deste ano pode ter sido exacerbada pelo fenômeno El Niño em 2009 e 2010 e por uma temporada de furacões ativa no Atlântico, que pode ter sugado umidade do sul. Mas Daniel Nepstad, um ecologista dos Estados Unidos que trabalha no Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia, disse que a ligação entre esse fenômeno e a seca no Estado parece menos clara do que em 2005, quando aconteceu a última grande seca na região. "Acho que é motivo para alguma preocupação bem grande sobre o ecossistema da Amazônia", disse Nepstad. "Estamos vendo uma quebra da confiabilidade das estações na Amazônia".